domingo, 6 de novembro de 2011

Bem a (en)calhar!


A imagem da máscara da personagem V (V for Vendetta) me persegue por onde vou. Seja nas gôndolas dos supermercados, das cafeterias e das bancas de revista, a capa da Veja sobre a necessidade de se indignar contra a corrupção (desde que não seja a corrupção da própria mídia grande) se sobressai entre alhos, bugalhos e Arquitetura & Construção

É precipitado afirmar categoricamente que o encalhe de jornais e revistas nas gôndolas dos supermercados e nas bancas de revista do Cariri é a prova cabal da falta de leitura dos meios impressos na região. Primeiro porque se está ali, alguém - ou “alguéns” - deve comprar e, suponho, ler. Segundo porque nem sempre esses jornais e revistas encalham. Já procurei edições do jornal O Povo nas bancas do Cariri no domingo e constatei que todas haviam vendido todos os exemplares que chegaram. Mas não é arriscado dizer que a quantidade de pessoas que lêem jornais e revistas é pequeno. 

Um simples olhar como única fonte atrai a tentação da conclusão impressionista, xingamento para um pesquisador. Portanto, aqui não falo como pesquisador. Por sinal, só uma pesquisa séria e profunda poderia responder qual a recepção dos caririenses a revistas “de fora”. Justiça seja feita, em todo o país a leitura de jornais e revistas nunca chegou sequer perto da totalidade da população independentemente de faixa etária, classe ou cor do cabelo, mas tem entre seus leitores a classe formadora de opinião, crítica e dirigente, seja lá o que esses termos queiram dizer hoje em dia. 

O pesquisador Wilson Gomes, em seus ácidos, irônicos e inteligentes tweets, provocava outro dia: é verdade que o jornalismo que se faz na Veja mereça questionamentos por vários motivos, mas é fato que matérias divulgadas pelo hebdomadário ajudaram a derrubar cinco ministros. Somente. Quantos são os leitores de Veja e outras revistas semanais no Cariri?

Como se dá a recepção da mídia grande na região? Há leitores de jornais ou revistas estrangeiras? Qual a influência desses veículos na esfera pública local? Ou sucumbiremos à resposta nunca dantes verificada de que o que vale mesmo é a internet nos dias de hoje. A reflexão sobre a recepção de conteúdos midiáticos externos acontece também com a TV principalmente se contarmos a quantidade de residências com antenas parabólicas instaladas. Enquanto isso, sigamos vivendo a distopia de tomar café ou comprar bananas sendo observados pelo sorriso da máscara do V de Vingança. 

Luis Celestino é jornalista e autor do livro A Fome na Imprensa. 

domingo, 30 de outubro de 2011

Pré-mapeamento das TVs

Professor Paulo Eduardo e monitores (Foto: Ricardo Salmito)  
Estamos chegando à última etapa do mapeamento de mídias planejado para o ano de 2011. As TVs da região metropolitana do Cariri serão mapeadas durante o mês de novembro. Para tanto, assim como foi feito com os veículos anteriores (rádios e impressos), passamos antes por uma orientação teórica.

Recebemos a visita do professor Paulo Eduardo Cajazeira, do curso de Jornalismo da UFC-Cariri, para uma conversa acerca de alguns aspectos da TV. O professor Paulo leciona a disciplina de Telejornalismo e tem experiência profissional na área.

Durante a visita, apresentamos ao professor o andamento do Projeto de Mapeamento e conversamos sobre algumas questões que o mesmo considera importante serem analisadas durante o processo de visita aos veículos televisivos.

Posteriormente, discutimos dois textos e produzimos o questionário a ser utilizado. Em breve marcaremos as vistas e iremos a campo para a produção dos relatórios.

Quem lê alguma notícia?


Devo confessar publicamente. Antes mesmo de chegar ao Cariri, onde vim morar ano passado, vivia um dilema: como seria ser professor de jornalismo impresso numa região que não tem um jornal impresso diário? Já supunha e rapidamente minha suposição se confirmou: a esfera pública midiática caririense é, sobretudo, o rádio. O dilema ainda não se dissipou em mim se é que dissipar é o verbo correto quando nos referimos a resolver nossas questões pessoais.

Algumas percepções sobre o hábito da leitura foram se consolidando à medida que comecei a entender o ritmo e a dinâmica locais. Realmente a região não tem um jornal diário e, consequentemente, não tem o hábito da leitura diária de jornais. Isso mostra que a área de influência dos jornais “da capital” é bem menor do que se pode supor, circunscrevendo-se realmente a uma pequena parte da população cearense, majoritariamente localizada em Fortaleza (ouso dizer que localizada nos bairros de classe média e alta). Sua distribuição no Cariri é irregular e o horário de circulação lembra a famosa frase “jornal que chega tarde na banca só serve para embrulhar tomate na feira”. 

Sempre pergunto qual a frequencia diária com que os alunos lêem jornais e especificamente o que lêem. A maioria não se envergonha em admitir que o jornal impresso não faz, nunca fez e, ao que tudo parece, nunca fará parte da vida deles. Mas essa admissão traz um adendo: os jornais, para a maioria, são desinteressantes, distantes de suas realidades, acríticos e em nada acrescentam para suas vidas. Quem vem primeiro? O ovo ou a galinha? Já em relação ao que lêem, fica evidente que a internet bate fácil qualquer concorrência, mas essa leitura não se concentra necessariamente nas versões digitais dos jornais.

Enquanto em boa parte do mundo o debate é sobre o desaparecimento dos jornais no século XXI, o debate no Cariri (apesar de o primeiro jornal juazeirense ter circulado em 1909) é sobre se um dia eles passarão a ter relevância no seu dia-a-dia. Espero conseguir avançar essa reflexão em outros posts ainda sobre a leitura dos jornais, revistas e outros meios impressos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Monitores apresentam trabalhos no III Encontro Universitário da UFC Cariri

O III Encontro Universitário da UFC Campus Cariri teve início nessa terça-feira (26/10) com apresentações de trabalhos na forma oral.

As monitoras Naiara Carneiro e Débora Costa, orientadas pelo professor Ricardo Salmito, apresentaram os respectivos trabalhos:
  • Comunicação no Cariri: um estudo de caso sobre a Rádio Barbalha FM
  • Um estudo sobre as relações da Rádio Araripe de Crato-CE com a política e a religião.
A noite, será a vez do monitor Antonio Pinheiro, orientado pelo professor Luis Celestino, com o trabalho:
  • Práticas Comunicacionais no Cariri: uma análise das rádios de Barbalha.
Amanhã (27/10), no período matutino, a monitora Camila Brito, também orientada pelo professor Celestino, apresentará o trabalho:
  • Uma análise sobre as rádios do Crato.
Ainda no dia 26/10 (quarta-feira) haverá a apresentação do pôster :
  • Projeto de Mapeamento das Práticas Comunicacionais da Região Metropolitana do Cariri.
O pôster foi feito em co-autoria pelos quatro monitores do projeto e estará disponível para apresentação a partir das 18h30min, até as 20h30min.

As 14h30min da quarta-feira os monitores e professores participarão de um debate sobre Universidade, Conhecimento e Cultura com a Profª. Drª. Inês Sampaio.

domingo, 23 de outubro de 2011

O papel que nos cabe

Desde que o trabalho do mapeamento das mídias do Cariri cearense se iniciou, foi ficando cada vez mais evidente a importância de um curso de Comunicação Social na região. Com a proximidade da conclusão dos trabalhos, chegam momentos de reflexão, avaliação e revisão do que até agora tem sido observado.

Não há um jornalista sequer com formação de nível superior atuando em qualquer das emissoras de rádio, sejam elas educativas, comunitárias ou abertamente comerciais. Sendo o rádio ainda o veículo mais influente entre a população caririense, pela sua penetração e audiência, não é arriscado afirmar que há necessidade de uma qualificação maior daqueles que são responsáveis muitas vezes por serem a única fonte de informação na vida de milhares de pessoas.

Este dado se torna alarmante quando cruzado com o dado da pertença da propriedade dos veículos, ainda majoritariamente nas mãos de políticos e de igrejas (sim, isso mesmo, de igrejas!), o que influencia uma programação pouco diversificada e, frankfurteanos à parte, alienante.

Lembro de ter sido entrevistado por um repórter de um desses programas de rádio de grande audiência local (o horário nobre por aqui é o meio-dia) e o jovem simplesmente não trazia qualquer pergunta formulada facultando a mim dizer o que quisesse. Um diálogo surreal se estabeleceu a partir de então.

Recordo-me ainda dos debates acontecidos após a apresentação de uma das bolsistas do projeto – a competentíssima Débora Costa – no congresso da Intercom em Recife em setembro. Quando apresentou a realidade das rádios caririenses, a partir de um estudo de caso específico, acabou ouvindo de estudantes de diferentes estados do Brasil a informação de que havia retratado algo que era semelhante país afora.

Esses breves relatos acenderam em mim e em meu colega coordenador do projeto, Ricardo Salmito, a necessidade de criação de uma disciplina para o curso que discuta a realidade da comunicação local. Da mesma forma, será necessário abrir um debate em todo o curso sobre os estágios em veículos que não detêm jornalistas em seus quadros. Estamos diante de um dilema: permitimos aos alunos o estágio nesses locais acreditando na mudança a partir da presença deles; ou evitamos a presença deles diante de uma possível distorção da formação já que não haverá um acompanhamento de um profissional qualificado?

A primeira parte do trabalho de mapeamento deve ser concluída em dezembro. Ainda falta um bom pedaço de caminho para mapearmos todos os veículos e práticas comunicacionais locais, mas fica em mim a convicção cada vez maior da contribuição do curso de Jornalismo – tão maltratado pela falta de planejamento dos gestores da Universidade – para uma melhor comunicação da região.

Luis Celestino
Jornalista, coordenador do curso de Comunicação Social da UFC Cariri e autor do livro “A Fome na Imprensa”. 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Impressões sobre o impresso


Após um período dedicado às rádios chegamos agora no universo do impresso caririense. Inicialmente tomamos o mesmo procedimento de leitura de textos para embasamento teórico e para a formulação de um questionário que possibilitasse a coleta do maior número de informações pertinentes ao projeto.

Além disso, buscamos contactar algumas pessoas conhecedoras da realidade do jornalismo impresso na região, pois, diferentemente do rádio, não temos acesso a uma relação de veículos impressos em atividade.

Fomos até o Centro Cultural Banco do Nordeste em busca dessas informações, uma vez que o centro promoveu no ano de 2009 uma exposição sobre o centenário do jornal "O Rebate", primeiro impresso de Juazeiro do Norte. Lá, recebemos a indicação de dois principais nomes com os quais conseguiríamos mais informações: os escritores Daniel Walker e Renato Casimiro.

O contato ainda não foi feito, porém, já iniciamos o processo das visitas técnicas. Toda a equipe do mapeamento, incluindo o professor de História do Jornalismo Brasileiro e de Jornalismo Impresso I e II, Anderson Sandes, foram até a sede do Jornal do Cariri. Conversamos com a chefe de redação Jaqueline Freitas. 

Encontros Universitários 2011


A UFC Cariri recebe até o dia 02 de setembro trabalhos para o III Encontro Universitário.


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Artigo do grupo de Mapeamento é aprovado no Intercom Nacional


Após a visita técnica à rádio Araripe da cidade do Crato, a equipe do Mapeamento vislumbrou a possibilidade da produção de um estudo mais aprofundado acerca de alguns aspectos percebidos na estrutura e funcionamento da citada rádio.

O artigo "Um Estudo sobre as Relações da Rádio Araripe de Crato-CE com a Política e a Religião", como o próprio título esclarece, é uma análise baseada na atual programação da emissora com ênfase na política e na religião.

O Intercom Nacional é o maior congresso de comunicação da América Latina e esse ano acontecerá de 02 a 06 de setembro na cidade de Recife-PE.



terça-feira, 21 de junho de 2011

Grupo do Mapeamento participa da Intercom Nordeste


Durante os dias 15, 16 e 17 de Junho, os monitores do Projeto de Mapeamento de Graduação das Práticas Comunicacionais da Região Metropolitana do Cariri estiveram na cidade de Maceió participando da Intercom. O congresso organizado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (região Nordeste) é um espaço onde os estudantes universitários (como também os já graduados) podem apresentar os trabalhos que desenvolvam em suas universidades.

Nesse sentido, o grupo de mapeamento participou e apresentou na Intercom Júnior (uma das categorias do encontro) tanto o projeto em desenvolvimento - e dessa forma os objetivos, qual o espaço em que estamos inseridos, as futuras perspectivas - como também os primeiros dados obtidos após termos mapeado as rádios da cidade de Barbalha - CE.      

terça-feira, 7 de junho de 2011

1º Encontro Regional de Rádios Comunitárias do Cariri

Foto: Naiara Carneiro
                                                                    
No dia 04 de junho, sábado, a equipe do Mapeamento participou do 1º Encontro Regional de Rádios Comunitárias do Cariri promovido pela Associação Brasileira de Rádios Comunitárias - Abraço CE. O evento foi realizado na cidade de Caririaçu, no Centro de Convenções Adalgisa Borges de Carvalho e contou com o apoio e organização da rádio São Pedro FM.

Estiveram presentes, além dos representantes nacionais e estaduais da Abraço, integrantes de seis rádios comunitárias da região do Cariri: Rádio São Francisco FM (Crato), Rádio Som da Terra (Milagres), Rádio Santana FM (Santana do Cariri), Rádio Novo Tempo (Várzea Alegre), Rádio Triunfo FM (Nova Olinda) e Rádio São Pedro FM (Caririaçu).

O objetivo da reunião foi o de promover a organização interna entre essas rádios, para que juntas possam reivindicar melhorias para essa categoria de radiodifusão. Os participantes compartilharam experiências e discutiram pontos importantes, como a questão da frequência única que inviabiliza o funcionamento de algumas dessas rádios; o debate sobre a independência partidária; a forma de manutenção financeira desses veículos e principalmente o debate sobre conteúdo, conscientizando sobre a importância do diferencial das rádios comunitárias, que devem estar voltadas para a propagação de um conteúdo mais educativo e de acordo com as características da comunidade na qual estão inseridas.

domingo, 29 de maio de 2011

Bate a poeira e dá a volta por cima

Foto: Ricardo Salmito
                                                                 
Na visita à Rádio Araripe nos deparamos com uma estante empoeirada de LPs e um toca discos sem uso. Claro que os computadores e CDs fazem o 'papel musical', mas foi ruim presenciar uma quantidade grande de discos de vinil fora de uso, fora de foco. Diante do nosso espanto e delicadeza com eles, Francildo, o operador de áudio, me presenteou com o álbum de Assis Valente, um dos grandes compositores da MPB.
Já testei e está perfeito o disco. No mais agora é ouvir Camisa Listrada  na voz de Luís de Barbalha:

...
"Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí
Em vez de tomar chá com torrada ele bebeu parati
Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão
E sorria quando o povo dizia: sossega leão, sossega leão "
...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

“Você diz uma palavra e de repente abre um universo”

Foto: Naiara Carneiro

Foi com a orientação de um sábio moto táxi que localizamos, no alto da cidade do Crato, a Rádio Araripe. “Depois que acaba as casa você dobra a esquerda”. Dito e feito! A paisagem é cercada de verde, de onde se visualiza parte da chapada que dá nome á rádio. O vento sopra suave, trazendo aos poucos os ruídos da transmissão feita ali a poucos passos. Até agora, talvez o lugar mais inusitado para a localização de uma rádio. Não tão inusitado quanto o que encontramos abrigado em seu interior. Vestígios de um passado vivo. Vivo e sobrevivendo. Com sinais de fragilidade, porém fortalecido pela vontade daqueles que dele tomam de conta.

A cada resposta coletada como parte primordial do mapeamento, uma nova surpresa. Dentro do estúdio, durante um musical, presenciamos duas entradas ao vivo de repórteres que traziam informações de onde estavam naquele momento. As músicas, juízo de valor à parte, surpreendiam a cada execução. A experiência de um estudante de jornalismo vivenciando de perto esses momentos pode ser compreendida se imaginarmos como seria para um cardiologista adentrar um coração. A comparação pode ser tosca, mas visualizar seu objeto de estudo do lado de dentro, conhecer suas partes e funções confere-nos uma maior segurança e conhecimento ao tratar do assunto.

Ainda absortos com as relíquias cheias de história que compõem a estrutura física da rádio Araripe, por sinal a primeira rádio do interior do Ceará, deparamo-nos, já de saída, com mais um de seus funcionários. Roberto lançou-nos voluntariamente seu desabafo, carregado de nostalgia e previsões de um futuro próximo. Senti implicitamente uma passagem de responsabilidade para nossas mãos, afinal estamos na universidade para aprender aquilo que ele já faz há tantos anos. O discurso que ele proferiu é um sintoma da oralidade que dá sentido a existência de uma rádio. É através de uma palavra, de uma canção, que se tem o poder de abrir esse universo por ele citado. Realmente Roberto, “o rádio é muito mágico”.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Editando o editor

Professor Anderson Sandes
Foto: Ricardo Salmito
Dando continuidade às atividades de mapeamento da comunicação no Cariri, começaremos a planejar a abordagem dos meios impressos. Para tanto, assim como no rádio, precisaremos de uma base teórica antes da ida à campo.

O professor Ms. José Anderson Sandes, da disciplina de Jornalismo Impresso, dará sua contribuição ao projeto relatando sua experiência como editor do Caderno 3 do Jornal Diário do Nordeste, cargo no qual permaneceu durante 28 anos.

Dia: 24/05
Horário: 14h30min
Local: Solar Maria Olímpia, em Barbalha.





domingo, 1 de maio de 2011

Apresentação do Seminário

Foto: Ricardo Salmito

Conforme previsto e agendado, no dia 27 de abril foi apresentado o seminário para a comunidade acadêmica. Foi uma oportunidade de mostrarmos o projeto, desde os seus obejtivos até algumas experiências já vividas. Contamos com a presença dos professores Diógenes Luna e Anderson Sandes, que demonstraram interesse em colaborar com as atividades do mapeamento.

A atividade também foi uma forma de fazermos um levantamento de tudo que já havíamos produzido, e desta maneira termos uma noção dos resultados parciais que já obtivemos nesses dois meses de projeto.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

CONVITE - Seminário de Apresentação do Projeto

O grupo do Projeto de Monitoria de graduação Mapeamento das Práticas Comunicacionais da Região Metropolitana do Cariri convida estudantes e professores da Universidade Federal do Ceará para participarem do seminário de apresentação do andamento de seus trabalhos e de seus resultados iniciais. O encontro se realizará dia 27 de abril (quarta-feira), às 10h da manhã na sala multiuso do Solar Maria Olímpia, localizado à rua Neroly Filgueira no Centro de Barbalha.

O seminário será uma oportunidade para que os alunos e professores do Curso de Jornalismo conheçam o projeto e, caso tenham interesse, também possam integrar-se ao grupo.


Monitores responsáveis: Antonio Pinheiro, Carla Craveiro, Débora Costa e Naiara Carneiro.

Professores responsáveis: Luis Celestino e Ricardo Salmito.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A curiosidade que nos move

Foto: Naiara Carneiro

O que a ladeira do bairro do Rosário nos sugere não é só o esforço físico para chegar ao seu topo. Além de ser o percurso para chegarmos em uma das rádios de Barbalha, é o ladrilhar de um caminho, felizmente sem retorno, que decidimos assumir. As visitas às rádios seguem o seu ritmo e as experiências vem em uma proporção que supera expectativas iniciais. Esta é uma fase na qual o receio do impacto da nossa chegada perde total espaço para a curiosidade. Uma curiosidade infantil até! Não no sentido imaturo, mas como aquela que pergunta, aponta, pede para tocar e exige melhores explicações quando um enunciado não é entendido. Assim, observamos e anotamos ao mesmo tempo que somos objeto da curiosidade dos outros, sejam eles adultos ou as próprias crianças da comunidade, como no caso da Barbalha FM.

São olhares que reclamam por uma satisfação. Afinal, o que estamos fazendo lá? A missão que nos acompanha em cada momento de uma visita é a de buscar respostas para as indagações que nos inquietaram e para as que se fazem e se farão presentes no itinerário de todos aqueles que se interessam pela Comunicação, escrita assim, com o c grafado em maiúscula. Dessa maneira, o gravador ligado não deve intimidar da mesma forma que a voz de um dos nossos não se intimida ao defender que a Comunicação não é um brinquedo com o qual se joga transferindo a responsabilidade que ela implica para o outro, o próximo da fila. Ela é uma das protagonistas das relações socias que são tecidas, para onde as pretensões se direcionam na política, na economia, na cultura, na sociedade como um todo. Lidar com a Comunicação requer reflexão, preparo e muito respeito com todos os envolvidos no seu processo.

Temos que saber detectar as reticências suspensas na fala dos entrevistados e procurar checá-las. Esmiuçar as informações, virá-las ao avesso e sacudi-las se possível, pois aceitá-las sem o olhar crítico seria descompromisso com nossos objetivos. Portanto,  as visitas são um exercício de aprendizagem. Aprendemos a não deixar transparecer o constrangimento causado por algum engano. Respeitamos o que de mais inesperado cruza o nosso caminho e retribuímos a simplicidade com a qual somos recebidos, portas abertas e sem cerimônia. Muito obrigado é o mais digno a se dizer antes de sermos contemplados com a paisagem do alto da ladeira. Descê-la se faz o próximo dos incontáveis passos que serão dados.

sábado, 16 de abril de 2011

"A formiguinha corta folha e carrega, quando uma deixa, a outra leva."


A ideia de se trabalhar em grupo, na maioria das vezes, é complexa e cheia de tramas subjetivas. São conceitos diferentes, percepções de mundo formuladas a partir de diversas mediações que temperam uma construção humana e individual. Imaginar seres humanos objetivos, qualificados em torno de um método científico pode ser uma premissa refutável. Somos temperamentais, defendemos determinada visão, porém podemos manter uma lógica de pensamento sem desrespeitar aquele com quem dividimos a mesa de reuniões, a sala de trabalho ou o ônibus.

Assim, a experiência de estar inserido em um grupo de estudantes e professores buscando mapearmos juntos as práticas comunicacionais no Cariri é uma verdadeira estrada. É uma trajetória onde para além do desejo de se chegar a um "lugar", vale muito os vários "quilômetros" rodados juntos. Construir em conjunto é comunicar, coabitar, conflituar, congregar e tantas derivações quanto for possível. 

Destacar neste espaço a dimensão do companheirismo tem um sentido. Quero passar ao longe do intuito de  pregar lição de moral barata, mas bem próximo ao sentido de defender olhares construtores que se complementam.   

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Donos da Mídia


Como o próprio slogan do site diz, este é o “mapa da comunicação social”. Com dados atuais e detalhados, a proposta do site é levar ao público informações sobre quem são os grandes grupos responsáveis pelos maiores meios de comunicação do país, seja na área televisiva, radiofônica ou de meios impressos (jornais e revistas).
            
 Talvez nem todas as pessoas percebam a real importância de se ter acesso a esses dados. Porém, a partir deles, nós, na difícil missão de sermos cidadãos conscientes, poderemos formar nossas conclusões sobre tudo que nos é informado diariamente e tentarmos, de certa forma, identificar até onde vão interesses políticos e econômicos entranhados nos noticiários, sejam eles de qualquer espécie.

Analisando o site, poderemos perceber o quão grande é a participação de políticos (e de familiares destes) na detenção de meios de informação. Consequentemente, perceberemos que de alguma forma, disfarçadamente ou não, há intenções além da de informar por trás de cada notícia, matéria, programa e etc. 

Apesar de possuir um moderno e extenso sistema de telecomunicações, o Brasil é um país que ainda vive a monopolização dos meios de comunicação por grandes grupos que acumularam poder e riquezas às custas da dominação e manipulação da opinião pública.

A Constituição Nacional proíbe a prática de monopolização dos meios de comunicação, além de estabelecer o direito à informação, dando acesso à pessoas comuns e a grupos menores de também se fazerem presentes na difusão de informação. Porém, é notório que tais direitos são praticamente inviáveis de serem efetivados diante da ausência de uma legislação que incentive o desenvolvimento de redes e canais com fins específicos, que tratem, por exemplo, de cultura e educação, entre outros temas relevantes. 

Sob o posicionamento de estudante de jornalismo, vejo no site uma poderosa arma no combate das armadilhas da mídia. Apesar de considerar infundada a ideia de não-participação numa sociedade de massa, podemos ao menos buscar formas de desenvolvermos um senso crítico mais apurado e mais atento às formas de dominação pregadas por uma parcela abastada da sociedade que somente visam aos interesses econômicos. 

Futuramente, nós mesmos, estudantes de agora, teremos que nos vincular, querendo ou não, a algum desses grupos. No entanto, se estivermos cientes dos interesses que movem os bastidores desse verdadeiro mercado comunicacional, poderemos exercer nossa profissão com uma maior parcela de autonomia intelectual, além de garantirmos nosso importante papel de formadores de opinião.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Problematizações a partir do texto da Ortriwano

É importante problematizar (via discussão do texto da Ortriwano) quatro pontos (ou mais...):

1) A ideia quase exclusiva de que as mudanças no rádio se dão/deram para acolher os interesses comerciais;

2) A transformação/declínio do rádio ou de sua época de ouro por conta do advento da TV;

3) A tendência/lógica de 'vulgarização'/popularização do veículo;

4) As relações do fenômeno descrito com a realidade das emissoras visitadas/analisadas até agora.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A invenção da cultura


A leitura de alguns capítulos do livro A Invenção da Cultura, do antropólogo Roy Wagner, fomentou discussões que levantaram pontos essenciais para o estudo sobre a cultura e sobre a relação entre o fazer etnográfico e tais estudos, além de relacioná-los com a dinâmica de atuação da monitoria. É relevante compreender que a etnografia não é só o estudo descritivo dos povos, sua etnia, língua, costumes, etc. O etc talvez não dê conta da dimensão que esse método abrange. Mais que descrever, é interpretar.  Mais que comparar, é refazer os dois lados. É admitir que nem o etnógrafo nem o nativo, ou aqueles que em algum momento cumprem esses papéis, serão os mesmos após o contato. Assim, a ideia de que a presença de um ser estrangeiro  pode modificar os modos de agir no contexto de uma  cultura  não é válida somente para trabalhos etnográficos, ela se enquadra, também, na realidade do mapeamento.

O que para os monitores pode ser uma forma de inserir-se no contexto do ambiente visitado para quem os observa pode parecer invasão. O que para os anfitriões é uma maneira de receber pode ser interpretado com certo estranhamento pelos visitantes. São riscos que todos estão sujeitos a correr e que fazem parte da construção da relação entre observadores e observados, não excluindo a possibilidade de inversão dessas funções. É nesse processo de reinvenção do outro a partir dele e de si mesmo, e, de reelaboração de si partindo do outro que reside a importância dessa relação.

O contato com um universo de significados diverso daquele no qual se tem origem é a porta de entrada para que se entenda o uso do termo cultura no plural. Dessa maneira, compreender que não deve haver um índice de desenvolvimento que rotule determinada cultura em inferior ou superior, como também, entender que o que há entre as culturas é uma diferença na construção de sentido de símbolos, costumes e crenças é imprescindível para os que se aventuram  nos caminhos do estudo das culturas e de seus desdobramentos.
               
Situações desafiadoras orbitam nessa realidade. O desafio de ser rápido para perguntar e de ser atento para ouvir. O desafio de tentar não  interferir intensamente no meio e de estar ciente  da existência de uma ordenação no funcionamento da nova realidade. O maior de todos eles, porém, é não permitir que os juízos de valor que todos carregam em si interfiram negativamente na vivência com o novo ambiente e com  tudo que emerge dele. Não é porque um elemento ainda não faz sentido para o observador que ele deve ser ignorado ou supervalorizado. O entendimento das culturas ultrapassa essa postura. Ele é pautado por um compromisso maior, o de respeito e reconhecimento das diferenças como forma de descoberta do outro e de tomada de consciência de si.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Estamos “no ar”!

Foto: Naiara Carneiro

O Mapeamento das Práticas Comunicacionais da Região do Cariri está oficialmente “no ar” desde o dia 22 de março de 2011. Neste dia nós realizamos a primeira visita técnica do projeto, à rádio Cetama AM de Barbalha, que fica próxima ao Solar Maria Olímpia, o local onde nos reunimos.

Para o mapeamento desta rádio entrevistamos o operador de áudio, Regivânio Rodrigues, e o responsável pelo jornalismo, Josélio Araújo. Eles nos forneceram dados sobre a programação, a história, os funcionários, a parte técnica, financeira e jornalística da emissora. Conhecemos as instalações da rádio, um ambiente aonde talvez venhamos a trabalhar um dia.


“No ar” é uma expressão da comunicação que indica que um sistema (rádio, TV, site, etc.) está podendo transmitir sinal. Sugere que algo está ativo, pronto, disponível, acontecendo.

Para um jornalista, estar “no ar” é vital. É estar bem informado, investigar corretamente os fatos, ver todos os lados de uma questão. É não ficar preso a quatro paredes, mas estar “na rua”, onde a notícia acontece. É também não ter preconceitos, mas buscar conhecer e transmitir os fatos sendo o mais objetivo que puder. É desenvolver um ritmo de trabalho, ciente das dificuldades e motivações da profissão, mas sempre dando o melhor de si.

Estar “no ar” é o primeiro passo. Depois de uma inauguração há muito a ser feito, o trabalho está apenas começando. Mas essa visita já foi nossa primeira experiência, nossos primeiros erros e acertos, o primeiro aprendizado.


Débora Silva Costa

quinta-feira, 24 de março de 2011

Anatel


A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é o órgão responsável pela regulamentação e fiscalização dos meios de telecomunicações no Brasil. Atuando desde o ano de 1997, a Agência não está subordinada a nenhum outro órgão do governo, sendo vinculada apenas ao Ministério das Comunicações.

Através do seu portal na internet,  www.anatel.gov.br, tivemos acesso a algumas informações que ficam a disposição da consulta pública. Verificamos quantas rádios existem nas cidades de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte. Abaixo, listamos os resultados obtidos.

Barbalha:
  • (Radiodifusão Sonora em Onda Média)
RÁDIO SALAMANCA* DE BARBALHA S/A – RUA TOTONHO FILGUEIRAS, 224 – Freq. (MHz) 930.
 *atualmente a rádio se chama CETAMA
  • (Radiodifusão Sonora em Frequência Modulada)
FUNDAÇÃO FRANCISCO GURGEL CORREA – RUA TRISTÃO GONÇALVES, 94 – Freq. (MHz) 96,7
  • (Radiodifusão Comunitária)
SOCIEDADE CIVIL PARA O DESENVOLVIMENTO DE BARBALHA – RUA MONSENHOR FERREIRA – Freq. 105.90

Crato
  • (Radiodifusão Sonora em Onda Média)
SISTEMA MAIOR DE RADIODIFUSÃO LTDA – Freq. (kHz) 1550
RÁDIO ARARIPE S/A – RUA SANTOS DUMONT S/N – Freq. (kHz) 1440
RÁDIO SOCIEDADE EDUCADORA CARIRI LTDA – RUA CORONEL ANTONIO LUIS, 1068 – Freq. (kHz) 1020
  • (Radiodifusão Sonora em Frequência Modulada)
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL CHAPADA DO ARARIPE – Freq. (MHz) 106,5
TV MUCURIPE LTDA – Freq. (MHz) 97,5
RÁDIO PRINCESA DO CARIRI LTDA – AV. PERIMETRAL D. FRANCISCO, 89 – Freq. (99,1)
  • (Radiodifusão Comunitária)
ASSOCIAÇÃO COM. DE COMUNIC, CULT. E CIDADANIA DO BARRO VERMELHO – AVENIDA DUQUE DE CAXIAS, 80

Juazeiro do Norte
  • (Radiodifusão Sonora em Onda Média)
RÁDIO PROGRESSO DE JUAZEIRO S.A. – RUA SÃO FRANCISCO, 374 – Freq. (kHz) 1310
RÁDIO VALE DO CARIRI LTDA – RUA PADRE CÍCERO, 454 – Freq. (kHz) 570
REDE ABOLIÇÃO DE RÁDIO LTDA – RUA SÃO JOSÉ, 550 – Freq. (kHz) 850
  • (Radiodifusão Sonora em Frequência Modulada)
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O olhar de estrangeiro como forma de inquietação

Ao darmos os primeiros passos na tarefa de escrever um pouco sobre as impressões obtidas nas reuniões do projeto de mapeamento, sentimos um pouco de frio na barriga e a complexidade da prática do escrever, o que provavelmente nos acompanhará durante toda a carreira profissional de futuros jornalistas.

Mas foi pensando sobre algo tão discutido na reunião do projeto, no dia 16/03/2011 (quarta-feira), que resolvi escrever sobre um tal "olhar de estrangeiro". A motivação para esta inquietação surgiu da leitura de um dos capítulos da obra "A invenção da cultura", do antropólogo Roy Wagner feita no encontro a pouco citado.

Na perspectiva em que discutíamos o pensamento do autor mencionado, na atividade do trabalho de campo do antropólogo, compreendemos o quanto é importante o olhar desacostumado do mesmo sobre o comportamento dos grupos estudados.

Porém, isso não deve se restringir quanto atividade somente do antropólogo, mas a todos os indivíduos que constituem a sociedade. Assim, é possível observar as diferenças culturais e conhecermos as nossas próprias características ao nos depararmos com outras.

Nesse sentido, percebi a importância da desnaturalização do olhar sobre o espaço literário, sobre o espaço musical, enfim, sobre o espaço social em torno de suas várias práticas. Dessa maneira, sem o estranhamento necessário, torna e toma forma uma visão rotineira onde inexiste a inquietação.

É no "ambiente" da inquietação que não só o antropólogo deve atuar, mas o arquiteto, o jornalista (principalmente), o fotógrafo, dentre outros.