quinta-feira, 26 de maio de 2011

“Você diz uma palavra e de repente abre um universo”

Foto: Naiara Carneiro

Foi com a orientação de um sábio moto táxi que localizamos, no alto da cidade do Crato, a Rádio Araripe. “Depois que acaba as casa você dobra a esquerda”. Dito e feito! A paisagem é cercada de verde, de onde se visualiza parte da chapada que dá nome á rádio. O vento sopra suave, trazendo aos poucos os ruídos da transmissão feita ali a poucos passos. Até agora, talvez o lugar mais inusitado para a localização de uma rádio. Não tão inusitado quanto o que encontramos abrigado em seu interior. Vestígios de um passado vivo. Vivo e sobrevivendo. Com sinais de fragilidade, porém fortalecido pela vontade daqueles que dele tomam de conta.

A cada resposta coletada como parte primordial do mapeamento, uma nova surpresa. Dentro do estúdio, durante um musical, presenciamos duas entradas ao vivo de repórteres que traziam informações de onde estavam naquele momento. As músicas, juízo de valor à parte, surpreendiam a cada execução. A experiência de um estudante de jornalismo vivenciando de perto esses momentos pode ser compreendida se imaginarmos como seria para um cardiologista adentrar um coração. A comparação pode ser tosca, mas visualizar seu objeto de estudo do lado de dentro, conhecer suas partes e funções confere-nos uma maior segurança e conhecimento ao tratar do assunto.

Ainda absortos com as relíquias cheias de história que compõem a estrutura física da rádio Araripe, por sinal a primeira rádio do interior do Ceará, deparamo-nos, já de saída, com mais um de seus funcionários. Roberto lançou-nos voluntariamente seu desabafo, carregado de nostalgia e previsões de um futuro próximo. Senti implicitamente uma passagem de responsabilidade para nossas mãos, afinal estamos na universidade para aprender aquilo que ele já faz há tantos anos. O discurso que ele proferiu é um sintoma da oralidade que dá sentido a existência de uma rádio. É através de uma palavra, de uma canção, que se tem o poder de abrir esse universo por ele citado. Realmente Roberto, “o rádio é muito mágico”.

Um comentário:

  1. Da visita à Rádio Araripe ampliou a sensação de que, passada a 'era de ouro' desse veículo, cada vez mais o rádio se transforma em mídia de resistência (AM mais ainda)...
    Ricardo Salmito

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