Foto: Naiara Carneiro |
O que a ladeira do bairro do Rosário nos sugere não é só o esforço físico para chegar ao seu topo. Além de ser o percurso para chegarmos em uma das rádios de Barbalha, é o ladrilhar de um caminho, felizmente sem retorno, que decidimos assumir. As visitas às rádios seguem o seu ritmo e as experiências vem em uma proporção que supera expectativas iniciais. Esta é uma fase na qual o receio do impacto da nossa chegada perde total espaço para a curiosidade. Uma curiosidade infantil até! Não no sentido imaturo, mas como aquela que pergunta, aponta, pede para tocar e exige melhores explicações quando um enunciado não é entendido. Assim, observamos e anotamos ao mesmo tempo que somos objeto da curiosidade dos outros, sejam eles adultos ou as próprias crianças da comunidade, como no caso da Barbalha FM.
São olhares que reclamam por uma satisfação. Afinal, o que estamos fazendo lá? A missão que nos acompanha em cada momento de uma visita é a de buscar respostas para as indagações que nos inquietaram e para as que se fazem e se farão presentes no itinerário de todos aqueles que se interessam pela Comunicação, escrita assim, com o c grafado em maiúscula. Dessa maneira, o gravador ligado não deve intimidar da mesma forma que a voz de um dos nossos não se intimida ao defender que a Comunicação não é um brinquedo com o qual se joga transferindo a responsabilidade que ela implica para o outro, o próximo da fila. Ela é uma das protagonistas das relações socias que são tecidas, para onde as pretensões se direcionam na política, na economia, na cultura, na sociedade como um todo. Lidar com a Comunicação requer reflexão, preparo e muito respeito com todos os envolvidos no seu processo.
Temos que saber detectar as reticências suspensas na fala dos entrevistados e procurar checá-las. Esmiuçar as informações, virá-las ao avesso e sacudi-las se possível, pois aceitá-las sem o olhar crítico seria descompromisso com nossos objetivos. Portanto, as visitas são um exercício de aprendizagem. Aprendemos a não deixar transparecer o constrangimento causado por algum engano. Respeitamos o que de mais inesperado cruza o nosso caminho e retribuímos a simplicidade com a qual somos recebidos, portas abertas e sem cerimônia. Muito obrigado é o mais digno a se dizer antes de sermos contemplados com a paisagem do alto da ladeira. Descê-la se faz o próximo dos incontáveis passos que serão dados.
São duas coisas realmente muito engraçadas, tanto o fato das visitas e do estranhamento das pessoas, como as entrevistas realizadas. Nós precisamos exatamente mantér o olhar curioso e romper a barreira das perguntas óbvias, estabelecendo um diálogo de enriquecimento mútuo entre entrevistadores e entrevistados.
ResponderExcluirBelíssimo seu texto Carla...
ResponderExcluirnão existe nada, absolutamente nada, mais engrandecedor que o conhecimento do mundo.