domingo, 30 de outubro de 2011

Quem lê alguma notícia?


Devo confessar publicamente. Antes mesmo de chegar ao Cariri, onde vim morar ano passado, vivia um dilema: como seria ser professor de jornalismo impresso numa região que não tem um jornal impresso diário? Já supunha e rapidamente minha suposição se confirmou: a esfera pública midiática caririense é, sobretudo, o rádio. O dilema ainda não se dissipou em mim se é que dissipar é o verbo correto quando nos referimos a resolver nossas questões pessoais.

Algumas percepções sobre o hábito da leitura foram se consolidando à medida que comecei a entender o ritmo e a dinâmica locais. Realmente a região não tem um jornal diário e, consequentemente, não tem o hábito da leitura diária de jornais. Isso mostra que a área de influência dos jornais “da capital” é bem menor do que se pode supor, circunscrevendo-se realmente a uma pequena parte da população cearense, majoritariamente localizada em Fortaleza (ouso dizer que localizada nos bairros de classe média e alta). Sua distribuição no Cariri é irregular e o horário de circulação lembra a famosa frase “jornal que chega tarde na banca só serve para embrulhar tomate na feira”. 

Sempre pergunto qual a frequencia diária com que os alunos lêem jornais e especificamente o que lêem. A maioria não se envergonha em admitir que o jornal impresso não faz, nunca fez e, ao que tudo parece, nunca fará parte da vida deles. Mas essa admissão traz um adendo: os jornais, para a maioria, são desinteressantes, distantes de suas realidades, acríticos e em nada acrescentam para suas vidas. Quem vem primeiro? O ovo ou a galinha? Já em relação ao que lêem, fica evidente que a internet bate fácil qualquer concorrência, mas essa leitura não se concentra necessariamente nas versões digitais dos jornais.

Enquanto em boa parte do mundo o debate é sobre o desaparecimento dos jornais no século XXI, o debate no Cariri (apesar de o primeiro jornal juazeirense ter circulado em 1909) é sobre se um dia eles passarão a ter relevância no seu dia-a-dia. Espero conseguir avançar essa reflexão em outros posts ainda sobre a leitura dos jornais, revistas e outros meios impressos.

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