segunda-feira, 25 de abril de 2011

CONVITE - Seminário de Apresentação do Projeto

O grupo do Projeto de Monitoria de graduação Mapeamento das Práticas Comunicacionais da Região Metropolitana do Cariri convida estudantes e professores da Universidade Federal do Ceará para participarem do seminário de apresentação do andamento de seus trabalhos e de seus resultados iniciais. O encontro se realizará dia 27 de abril (quarta-feira), às 10h da manhã na sala multiuso do Solar Maria Olímpia, localizado à rua Neroly Filgueira no Centro de Barbalha.

O seminário será uma oportunidade para que os alunos e professores do Curso de Jornalismo conheçam o projeto e, caso tenham interesse, também possam integrar-se ao grupo.


Monitores responsáveis: Antonio Pinheiro, Carla Craveiro, Débora Costa e Naiara Carneiro.

Professores responsáveis: Luis Celestino e Ricardo Salmito.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A curiosidade que nos move

Foto: Naiara Carneiro

O que a ladeira do bairro do Rosário nos sugere não é só o esforço físico para chegar ao seu topo. Além de ser o percurso para chegarmos em uma das rádios de Barbalha, é o ladrilhar de um caminho, felizmente sem retorno, que decidimos assumir. As visitas às rádios seguem o seu ritmo e as experiências vem em uma proporção que supera expectativas iniciais. Esta é uma fase na qual o receio do impacto da nossa chegada perde total espaço para a curiosidade. Uma curiosidade infantil até! Não no sentido imaturo, mas como aquela que pergunta, aponta, pede para tocar e exige melhores explicações quando um enunciado não é entendido. Assim, observamos e anotamos ao mesmo tempo que somos objeto da curiosidade dos outros, sejam eles adultos ou as próprias crianças da comunidade, como no caso da Barbalha FM.

São olhares que reclamam por uma satisfação. Afinal, o que estamos fazendo lá? A missão que nos acompanha em cada momento de uma visita é a de buscar respostas para as indagações que nos inquietaram e para as que se fazem e se farão presentes no itinerário de todos aqueles que se interessam pela Comunicação, escrita assim, com o c grafado em maiúscula. Dessa maneira, o gravador ligado não deve intimidar da mesma forma que a voz de um dos nossos não se intimida ao defender que a Comunicação não é um brinquedo com o qual se joga transferindo a responsabilidade que ela implica para o outro, o próximo da fila. Ela é uma das protagonistas das relações socias que são tecidas, para onde as pretensões se direcionam na política, na economia, na cultura, na sociedade como um todo. Lidar com a Comunicação requer reflexão, preparo e muito respeito com todos os envolvidos no seu processo.

Temos que saber detectar as reticências suspensas na fala dos entrevistados e procurar checá-las. Esmiuçar as informações, virá-las ao avesso e sacudi-las se possível, pois aceitá-las sem o olhar crítico seria descompromisso com nossos objetivos. Portanto,  as visitas são um exercício de aprendizagem. Aprendemos a não deixar transparecer o constrangimento causado por algum engano. Respeitamos o que de mais inesperado cruza o nosso caminho e retribuímos a simplicidade com a qual somos recebidos, portas abertas e sem cerimônia. Muito obrigado é o mais digno a se dizer antes de sermos contemplados com a paisagem do alto da ladeira. Descê-la se faz o próximo dos incontáveis passos que serão dados.

sábado, 16 de abril de 2011

"A formiguinha corta folha e carrega, quando uma deixa, a outra leva."


A ideia de se trabalhar em grupo, na maioria das vezes, é complexa e cheia de tramas subjetivas. São conceitos diferentes, percepções de mundo formuladas a partir de diversas mediações que temperam uma construção humana e individual. Imaginar seres humanos objetivos, qualificados em torno de um método científico pode ser uma premissa refutável. Somos temperamentais, defendemos determinada visão, porém podemos manter uma lógica de pensamento sem desrespeitar aquele com quem dividimos a mesa de reuniões, a sala de trabalho ou o ônibus.

Assim, a experiência de estar inserido em um grupo de estudantes e professores buscando mapearmos juntos as práticas comunicacionais no Cariri é uma verdadeira estrada. É uma trajetória onde para além do desejo de se chegar a um "lugar", vale muito os vários "quilômetros" rodados juntos. Construir em conjunto é comunicar, coabitar, conflituar, congregar e tantas derivações quanto for possível. 

Destacar neste espaço a dimensão do companheirismo tem um sentido. Quero passar ao longe do intuito de  pregar lição de moral barata, mas bem próximo ao sentido de defender olhares construtores que se complementam.   

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Donos da Mídia


Como o próprio slogan do site diz, este é o “mapa da comunicação social”. Com dados atuais e detalhados, a proposta do site é levar ao público informações sobre quem são os grandes grupos responsáveis pelos maiores meios de comunicação do país, seja na área televisiva, radiofônica ou de meios impressos (jornais e revistas).
            
 Talvez nem todas as pessoas percebam a real importância de se ter acesso a esses dados. Porém, a partir deles, nós, na difícil missão de sermos cidadãos conscientes, poderemos formar nossas conclusões sobre tudo que nos é informado diariamente e tentarmos, de certa forma, identificar até onde vão interesses políticos e econômicos entranhados nos noticiários, sejam eles de qualquer espécie.

Analisando o site, poderemos perceber o quão grande é a participação de políticos (e de familiares destes) na detenção de meios de informação. Consequentemente, perceberemos que de alguma forma, disfarçadamente ou não, há intenções além da de informar por trás de cada notícia, matéria, programa e etc. 

Apesar de possuir um moderno e extenso sistema de telecomunicações, o Brasil é um país que ainda vive a monopolização dos meios de comunicação por grandes grupos que acumularam poder e riquezas às custas da dominação e manipulação da opinião pública.

A Constituição Nacional proíbe a prática de monopolização dos meios de comunicação, além de estabelecer o direito à informação, dando acesso à pessoas comuns e a grupos menores de também se fazerem presentes na difusão de informação. Porém, é notório que tais direitos são praticamente inviáveis de serem efetivados diante da ausência de uma legislação que incentive o desenvolvimento de redes e canais com fins específicos, que tratem, por exemplo, de cultura e educação, entre outros temas relevantes. 

Sob o posicionamento de estudante de jornalismo, vejo no site uma poderosa arma no combate das armadilhas da mídia. Apesar de considerar infundada a ideia de não-participação numa sociedade de massa, podemos ao menos buscar formas de desenvolvermos um senso crítico mais apurado e mais atento às formas de dominação pregadas por uma parcela abastada da sociedade que somente visam aos interesses econômicos. 

Futuramente, nós mesmos, estudantes de agora, teremos que nos vincular, querendo ou não, a algum desses grupos. No entanto, se estivermos cientes dos interesses que movem os bastidores desse verdadeiro mercado comunicacional, poderemos exercer nossa profissão com uma maior parcela de autonomia intelectual, além de garantirmos nosso importante papel de formadores de opinião.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Problematizações a partir do texto da Ortriwano

É importante problematizar (via discussão do texto da Ortriwano) quatro pontos (ou mais...):

1) A ideia quase exclusiva de que as mudanças no rádio se dão/deram para acolher os interesses comerciais;

2) A transformação/declínio do rádio ou de sua época de ouro por conta do advento da TV;

3) A tendência/lógica de 'vulgarização'/popularização do veículo;

4) As relações do fenômeno descrito com a realidade das emissoras visitadas/analisadas até agora.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A invenção da cultura


A leitura de alguns capítulos do livro A Invenção da Cultura, do antropólogo Roy Wagner, fomentou discussões que levantaram pontos essenciais para o estudo sobre a cultura e sobre a relação entre o fazer etnográfico e tais estudos, além de relacioná-los com a dinâmica de atuação da monitoria. É relevante compreender que a etnografia não é só o estudo descritivo dos povos, sua etnia, língua, costumes, etc. O etc talvez não dê conta da dimensão que esse método abrange. Mais que descrever, é interpretar.  Mais que comparar, é refazer os dois lados. É admitir que nem o etnógrafo nem o nativo, ou aqueles que em algum momento cumprem esses papéis, serão os mesmos após o contato. Assim, a ideia de que a presença de um ser estrangeiro  pode modificar os modos de agir no contexto de uma  cultura  não é válida somente para trabalhos etnográficos, ela se enquadra, também, na realidade do mapeamento.

O que para os monitores pode ser uma forma de inserir-se no contexto do ambiente visitado para quem os observa pode parecer invasão. O que para os anfitriões é uma maneira de receber pode ser interpretado com certo estranhamento pelos visitantes. São riscos que todos estão sujeitos a correr e que fazem parte da construção da relação entre observadores e observados, não excluindo a possibilidade de inversão dessas funções. É nesse processo de reinvenção do outro a partir dele e de si mesmo, e, de reelaboração de si partindo do outro que reside a importância dessa relação.

O contato com um universo de significados diverso daquele no qual se tem origem é a porta de entrada para que se entenda o uso do termo cultura no plural. Dessa maneira, compreender que não deve haver um índice de desenvolvimento que rotule determinada cultura em inferior ou superior, como também, entender que o que há entre as culturas é uma diferença na construção de sentido de símbolos, costumes e crenças é imprescindível para os que se aventuram  nos caminhos do estudo das culturas e de seus desdobramentos.
               
Situações desafiadoras orbitam nessa realidade. O desafio de ser rápido para perguntar e de ser atento para ouvir. O desafio de tentar não  interferir intensamente no meio e de estar ciente  da existência de uma ordenação no funcionamento da nova realidade. O maior de todos eles, porém, é não permitir que os juízos de valor que todos carregam em si interfiram negativamente na vivência com o novo ambiente e com  tudo que emerge dele. Não é porque um elemento ainda não faz sentido para o observador que ele deve ser ignorado ou supervalorizado. O entendimento das culturas ultrapassa essa postura. Ele é pautado por um compromisso maior, o de respeito e reconhecimento das diferenças como forma de descoberta do outro e de tomada de consciência de si.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Estamos “no ar”!

Foto: Naiara Carneiro

O Mapeamento das Práticas Comunicacionais da Região do Cariri está oficialmente “no ar” desde o dia 22 de março de 2011. Neste dia nós realizamos a primeira visita técnica do projeto, à rádio Cetama AM de Barbalha, que fica próxima ao Solar Maria Olímpia, o local onde nos reunimos.

Para o mapeamento desta rádio entrevistamos o operador de áudio, Regivânio Rodrigues, e o responsável pelo jornalismo, Josélio Araújo. Eles nos forneceram dados sobre a programação, a história, os funcionários, a parte técnica, financeira e jornalística da emissora. Conhecemos as instalações da rádio, um ambiente aonde talvez venhamos a trabalhar um dia.


“No ar” é uma expressão da comunicação que indica que um sistema (rádio, TV, site, etc.) está podendo transmitir sinal. Sugere que algo está ativo, pronto, disponível, acontecendo.

Para um jornalista, estar “no ar” é vital. É estar bem informado, investigar corretamente os fatos, ver todos os lados de uma questão. É não ficar preso a quatro paredes, mas estar “na rua”, onde a notícia acontece. É também não ter preconceitos, mas buscar conhecer e transmitir os fatos sendo o mais objetivo que puder. É desenvolver um ritmo de trabalho, ciente das dificuldades e motivações da profissão, mas sempre dando o melhor de si.

Estar “no ar” é o primeiro passo. Depois de uma inauguração há muito a ser feito, o trabalho está apenas começando. Mas essa visita já foi nossa primeira experiência, nossos primeiros erros e acertos, o primeiro aprendizado.


Débora Silva Costa